Associações Empresariais comentam medidas contra COVID-19

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL DOS CONCELHOS DE OEIRAS E AMADORA (ACECOA)

Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – Quantos associados tem a vossa associação?

João Antunes (JA) 1.100 associados.

CL – Quantas empresas representam?

JA – 1.300 empresas.

CL – Que medidas de contingência adoptaram como forma de combate a esta pandemia?
JA – Todas as que foram recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, pela Direcção-Geral de Saúde, medidas legais devido ao estado de emergência nacionais e regionais e trabalhar essencialmente online, com o intuito de respondermos a todas as solicitações e disponibilizarmos em tempo útil as medidas que possam ajudar os nossos associados na continuidade do seu negócio.

CL – Quais as principais dificuldades que as empresas enfrentam neste momento?

JA – Ter liquidez para poder pagar aos fornecedores, aos colaboradores, e evitarem entrar em incumprimento com o Estado devido à não isenção dos contributos por parte do Estado. Aceder a incentivos que, na realidade, não são a fundo perdido, e sim fontes de financiamento através da banca com postecipação de custos de crédito. Por outro lado a reduzida facturação obrigará a que as empresas entrem em lay-off e promovam despedimentos, porque não conseguem suportar a obrigatoriedade legal perante a segurança social e outros credores.

CL – Quais o sectores mais afectados?

JA – Todos os sectores abertos directamente ao público, como por exemplo a restauração.

CL – Como vê o pacote de medidas apresentado pelo Governo?

JA – As mediadas de contingência consideram-se adequadas, mas deveriam ser reajustadas à realidade económica, de forma a não paralisar a sua actividade, levando a situações de extrema dificuldade para as empresas no futuro.

CL – O que ainda pode ser feito para ajudar as empresas?

JA – O Governo atribuir incentivos a fundo perdido para evitar o encerramento das empresas afectadas pelo COVID-19 e evitar o aumento da taxa de desemprego.

CL – Tem conhecimento de alguma empresa que esteja a avançar com despedimentos como forma de fazer face à crise económica provocada pelo COVID-19?

JA – Temos conhecimento não apenas de uma, mas sim de várias.

CL – Tem conhecimento de alguma empresa que tenha já encerrado?

JA – Sim, de várias. E a tendência é crescente.

CL – Quais os principais constrangimentos que as empresas ainda abertas sentem?

JA – O medo e desespero em não conseguirem manter a sua empresa aberta e partirem para o despedimento colectivo e encerramento da actividade.

CL – Que apoio pode a vossa Associação prestar durante esta pandemia e numa fase posterior de recuperação económica? O que se pode esperar desta fase de relançamento económico?

JA – Neste momento, o apoio que estamos a prestar incide em dois sentidos: apoio jurídico, esclarecimentos e orientações aos associados para que mantenham abertas as suas empresas e possam recorrer aos apoios e incentivos que foram disponibilizados, bem como à alteração da legislação laboral associada ao Estado de Emergência.

Verifica-se um elevado numero desolicitações de esclarecimento e de formalização da implementação da lay-off (despedimento coletivo) e de encerramento da actividade e, com um número mais reduzido, solicitações de esclarecimentos acerca dos incentivos disponibilizados para tentar manter a actividade e resistir ao impacto desta situação.

No que se refere ao apoio numa fase posterior e de recuperação do impacto da pandemia COVID-19, a ACECOA, poderá apoiar as empresas em candidaturas a projectos de recuperação e apoio aos empresários e comerciantes (caso existam, como por exemploo projecto “requalifica”) dinamizando o comércio e a economia locais. Caso contrário, tudo será muito difícil e teremos que pensar conjuntamente com os empresários e comerciantes, e encontrar soluções para que juntos possamos reconstruir o que foi destruído pela actual situação. Outro factor muito importante, que tenhamos de apostar, será no âmbito da formação profissional, preparando as empresas para o novo modelo de trabalho com que iremos deparar, recorrendo às novas tecnologias como ferramentas de trabalho e modernização do comércio local. Contudo, estamos conscientes de que teremos um grande desafio pela frente e que precisamos de ser resilientes e estarmos preparados para as dificuldades que se avizinham.

ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL DE SINTRA (AE SINTRA)

Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – Quantos associados tem a vossa associação?

Paulo Veríssimo (PV) – Já somos 4000 associados. Abrangemos desde micro a grandes empresase integramos uma equipa de profissionais especializados, que procura disponibilizar serviços obrigatórios por lei, apoio e aconselhamento jurí- dico, entre outros. Somos uma entidade facilitadora na articulação necessária com as entidades públicas e estabelecemos parcerias que possam ser diferenciadoras e de mais-valia para o nosso tecido associativo.

CL – Quantas empresas representam?

PV – Representamos mais de 4000 empresas provenientes de todos os sectores de actividade.

CL – Que medidas de contingência adoptaram como forma de combate a esta pandemia?

PV – A AE Sintra elaborou, logo no início de Março, o seu Plano de Contingência. Enviámos um modelo desse plano de contingência aos associados, que o implementaram em cada uma das suas realidades empresariais. Cedo percebemos a necessidade de cumprir com as recomendações no âmbito da prevenção e controlo de infecção, salvaguardando a segurança e saúde dos trabalhadores e assegurando a manutenção dos serviços essenciais ao funcionamento da organização. Actualmente, todos os trabalhadores da AE Sintra estão em regime de teletrabalho. Mantemos activos todos os nossos serviços, inclusive o atendimento aos associados, por todos os canais que temos à disposição, excepto o presencial.

CL – Quais as principais dificuldades que as empresas passam neste momento?

PV – A interpretação da legislação, publicada quase diariamente, é a mais premente. Criámos um Gabinete de Apoio que analisa, interpreta e encaminha, todas as informações e medidas divulgadas pelas entidades oficiais. Temos trabalhado quase ininterruptamente! A aplicação dessa legislação na realidade empresarial de cada um dos sectores que representamos é outra das dificuldades.

CL – Quais os setores mais afectados?

PV – A hotelaria e a restauração, claramente, mas os colégios e similares e todo o comércio e serviços de bens não essenciais também estão em esforço. De repente, e sem aviso prévio, viram o exercício da sua actividade suspenso por decisão governamental.

CL – Como vêem o pacote de medidas apresentado pelo Governo?
Estamos na expectativa quanto à operacionalidade das linhas de apoio criadas para apoio à tesouraria. Neste momento, celeridade e simplificação são as palavras de ordem. A criação de um Fundo de Tesouraria específico para as micro e pequenas empresas que pudesse tornar o processo mais ágil e sem burocracias excessivas, com juros a zero e período de carência alargado, seria uma medida importante. As medidas em marcha adensam as funções dos contabilistas certificados, sem que esteja prevista qualquer medida de compensação pelo acréscimo de trabalho. Note-se que estes contabilistas também são micro empresários.

CL – O que ainda pode ser feito para ajudar as empresas?

PV – Falta, claramente, a atribuição de um apoio aos gerentes das sociedades comerciais, em especial, aos gerentes das micro e pequenas empresas, que ficaram sem trabalho ou impedidos de o prestar. O número de gerentes nesta situação é muito significativo. Importa continuar a reforçar a importância, nas devidas instâncias, da defesa de medidas compensatórias, próprias para os gerentes das empresas. A questão do arrendamento comercial, onde se espera também o reconhecimento da dificuldade das empresas em fazer face ao peso que o pagamento das rendas assume na situação actual, deve ser outra das preo- cupações das entidades competentes.

CL – Têm conhecimento de alguma empresa que esteja a avançar com despedimentos como forma de fazer fase à crise económica provocada pelo COVID-19?

PV – Até à data não. São muitas as empresas que estão a optar pelo lay-off. A AE Sintra tem apoiado nesse processo, disponibilizando modelos práticos e acompanhamento.

CL – Tem conhecimento de alguma empresa que tenha já encerrado?

PV – Não que tenha chegado ao nosso conhecimento.

CL – Quais os principais constrangimentos que as empresas ainda abertas sentem?

PV – A AE Sintra está grata pelo esforço, serenidade e responsabilidade que os seus associados têm demonstrado. As empresas têm-se reinventado, procu- rando adaptar-se aos novos condicionalismos que as exigências legais têm imposto.

CL – Que apoio pode a vossa Associação prestar durante esta pandemia e numa fase posterior de recuperação económica? O que se pode esperar desta fase de relançamento económico?

PV – Já não estamos só reactivos! Não podemos estar! A AE Sintra já está a delinear estratégias para ajudar os associados a construir o seu futuro empresarial. Criámos e dinamizámos a Campanha ‘Estamos Abertos’, no Facebook, para apoiar o comércio e serviços de Sintra que lançaram alternativas de negócio face às contingências impostas pelo Estado de Emergência. Estamos a estudar um plano de estímulo ao consumo, preferencial e idealmente, dirigido a estabelecimentos locais. Vamos continuar focados no nosso papel de apoio ao tecido associativo de Sintra.

ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL DO CONCELHO DE CASCAIS (AEC CASCAIS)

Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) Quantos associados tem a vossa associação?

Armando Correia (AC) – Temos atualmente cerca de 1.600 associados.

CL – Quantas empresas representam?

AC – Do universo de sócios, cerca de 400 são empresários em nome individual, 19 são sociedades anónimas e o restante são sociedade por quotas. Estas últimas representam a maior percentagem.

CL – Que medidas de contingência adoptaram como forma de combate a esta pandemia?

AC – Desde o final de Fevereiro, que já dispunhamos de medidas previamente definidas, mas que foram sendo ajustadas e continuam a ser, face a esta pandemia. Uma das prioridades da Direção é zelar pelo bem-estar da sua equipa de trabalho, como tal, começámos com uma redução dos trabalhadores nas nossas instalações, com uma equipa definida para actuar em caso de suspeita e salas de isolamento, devidamente preparadas para auxílio, e progressivamente, 90% dos trabalhadores passou para regime de teletrabalho. Percebeu-se desde muito cedo que a procura de respostas por parte dos empresários às suas dúvidas e dificuldades era feita por telefone e e-mail, pelo que nos foi ainda mais exequível ir de encontro às medidas aprovadas pelo Primeiro-Ministro face à situação de estado de emergência.

CL – Quais as principais dificuldades que as empresas passam neste momento?

AC – A principal dificuldade é a falta de liquidez para fazer face aos encargos imediatos, nomeadamente os vencimentos do pessoal.

CL – Quais os sectores mais afetados?

AC – Serão poucos os sectores não afectados, contudo há actividades que estão encerradas desde o dia 14/15 de Março, nas quais se incluem alguns restaurantes que, pela sua localização ou caraterística, não estão em condições de aderir ao ‘take away’. Alguns sectores até conseguem estar a funcionar em teletrabalho e não terem quebras significativas na facturação, mas depois não sabem se os seus clientes vão conseguir pagar essas facturas.

CL – Como vêem o pacote de medidas apresentado pelo Governo?

AC – São medidas que ficam muito aquém daquilo que seria desejável. Adiar impostos ou pagamentos de encargos com a banca é empurrar um problema para a frente, pois as empresas não fazem ideia de como vai estar a situação quando tudo isto terminar: de que forma a economia vai reagir, quanto tempo as pessoas vão demorar a retomar a sua vida normal no que respeita a voltarem a consumir no comércio, na restauração e nos outros serviços em geral. Essa vai ser a grande incógnita.

CL – O que ainda pode ser feito para ajudar as empresas?

AC – As micro e pequenas empresas de um modo geral não têm reservas de tesouraria, como tal necessitam de dinheiro vivo para fazer face aos seus encargos imediatos. Abrir linhas de crédito para as quais a decisão de as conceder ou não fica dependente da banca é um erro, pois todos sabemos que quando a banca entra nestes processos, por um lado é para ganhar dinheiro, e por outro é para complicar, e não para ajudar. Como tal, era importante encontrar uma forma de haver entrada de dinheiro simples e directa nas empresas.

CL – Têm conhecimento de alguma empresa que esteja a avançar com despedimentos como forma de fazer fase à crise económica provocada pelo COVID-19?

AC – Para já não tenho conhecimento, mas acredito que se esta quarentena durar muito mais tempo será inevitável.

CL – Tem conhecimento de alguma empresa que tenha já encerrado?

AC – Que tenha conhecimento, não.

CL – Quais os principais constrangimetos que as empresas ainda abertas sentem?

AC – Nalguns casos será sem dúvida o medo do contágio. Por mais prevenção que possa existir, ninguém sabe se está a adoptar todas as medidas necessárias. Por outro lado, algumas estão a trabalhar e não sabem se os seus clientes algum dia lhes vão pagar o trabalho que estão a fazer.

CL – Que apoio pode a vossa Associação prestar durante esta pandemia e numa fase posterior de recuperação económica? O que se pode esperar desta fase de relançamento económico?

AC – Nesta fase estamos em permanente contacto telefónico com os nossos Associados, a tentar dar todas as informações que nos são possíveis, muito em especial no que respeita aos apoios disponíveis. Acabamos também por ter que dar algum apoio psicológico, muito embora não tenhamos qualquer formação na matéria, porque em alguns casos os empresários ligam-nos em completo desespero sem saber o que fazer e o que tentamos é dar alguma esperança que tudo se irá compor. Paralelamente, estamos a preparar um serviço ao nível do nosso Gabinete Jurídico para apoiar de forma gratuita todos os empresários que queiram aderir ao processo do ‘lay-off’ e que não disponham de apoio jurídico próprio. Temos estado também a organizar e a colocar permanentemente on-line, nas redes sociais e no nosso site, um directório com o contacto de todas as empresas de restauração e não só, que estão a trabalhar em regime de ‘take-way’ e entregas ao domicílio. Quanto ao relançamento económico, nesta fase, ainda é difícil dizer como será, estará muito dependente do tempo que esta quarentena vai durar.

Autor: Redacção

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