“Há anos que me dedico a construir peças com Legos”

Foto: Paulo Rodrigues

Alexandre Vilar, bombeiro na corporação de Voluntários de Cascais, alimenta desde tenra idade uma paixão por construções em Lego, um brinquedo que tem utilizado para abordar temas bastante sérios. Nos últimos tempos, este motorista dos bombeiros e funcionário da Câmara Municipal de Cascais, de 53 anos, tem participado em eventos onde expõe as suas peças habitualmente subordinadas a temáticas relacionadas com os Bombeiros e a Protecção Civil. Desde exposições realizadas em centros comerciais a mostras efectuadas nas instalações da corporação onde desempenha funções, tem feito de tudo um pouco para divulgar a causa dos bombeiros e dar a conhecer as actividades desenvolvidas pela Protecção Civil, sobretudo junto dos mais jovens. 

Em resultado desta dedicação a um passatempo que tem vindo a tornar-se cada vez mais sério, este ‘soldado da Paz’ natural de Cascais tem idealizado autênticas cidades construídas com as pequenas peças de plástico fabricadas pela multinacional dinamarquesa fundada por Ole Kirk Christiansen (1891-1958) em tempos de crise. Recentemente, Alexandre Vilar participou numa exposição que esteve patente ao público durante a Semana da Protecção Civil 2020, que decorreu, entre 2 e 8 de Março, no centro comercial Cascais Shopping. Além das construções em Lego, outro dos passatempos deste bombeiro voluntário gira em torno de uma colecção de miniaturas de viaturas em metal dos bombeiros à escala, que já conta com mais de 600 peças diferentes e não pára de aumentar.

Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – Como surgiu esta paixão pelas construções com peças de Lego sobre temáticas dos Bombeiros e da Protecção Civil?  

Alexandre Vilar (AV) – O meu interesse pelas construções com peças de Lego começou na infância. Em relação às construções inspiradas nos temas dos Bombeiros e Protecção Civil surgiram mais tarde. Sempre gostei dos Bombeiros, e há anos que me dedico a construir peças com Legos inspiradas neste tema. A maioria das viaturas e cenários são concebidos por mim próprio fora de qualquer catálogo. Tudo começou com uma colecção de miniaturas de veículos automóveis em metal, que depois evoluiu para as construções de Lego.

CL Lembra-se qual foi a primeira peça de Lego que recebeu? Com que idade?

AV – Foi um barco, tinha uns 10/11 anos. Foi no Natal e esse brinquedo em Lego foi-me dado pela antiga Portugal Telecom, que na altura oferecia prendas aos filhos dos funcionários na quadra natalícia.

CL – Qual foi a peça mais complicada que já construiu?

AV– Foram várias, mas recordo especialmente uma, que me deu muito gozo construir, que foi um quartel dos bombeiros que tinha para cima de 300 peças de Lego.

CL – Quais foram os maiores eventos em que participou no âmbito destas construções em Lego?

AV – A principal foi uma exposição realizada nas instalações dos Bombeiros Voluntários de Cascais, em 2017. Na altura, numa iniciativa associada ao 130.º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cascais, concebi uma cidade na qual apresentei muitas das minhas peças. E também já expus os meus trabalhos nas instalações da própria Protecção Civil de Cascais.

Foto: Marques Valentim

SENSIBILIZAR PARA CAUSAS DOS BOMBEIROS E PROTECÇÃO CIVIL 

CL – Estas exposições em que tem participado são importantes para sensibilizar as pessoas, nomeadamente os mais jovens, para o trabalho desenvolvido pelos Bombeiros e pela Protecção Civil no seio da comunidade?

AV– Sim, sinto que estas exposições têm sido importantes para sensibilizar a população, tento sempre mostrar vários cenários de acidentes em que as diversas forças da Protecção Civil actuam, nomeadamente na temática bombeiros e salvamento. 

CL – Tem efectuado exposições nas escolas do concelho? Alguma vez foi contactado nesse sentido?

AV – Não, até hoje isso nunca aconteceu.

CL – Sendo um apaixonado pelas construções em Lego, está aberto a aceitar convites para desenvolver outros tipos de assuntos para além das temáticas dos Bombeiros e da Protecção Civil?

AV– Sim, claro que sim.

CL – Mais ou menos quantas peças de Lego é que possui?

AV – Não faço ideia, mas posso dizer que são mais de… muitas!

CL – Como concilia a sua actividade profissional com esta paixão pelos Legos?

AV– Dedico-me a este passatempo nos meus poucos tempos livres, sobretudo à noite, depois de jantar.

CL – Alguma vez visitou o Parque Legoland Billund, na Dinamarca, onde está localizada a fábrica original da Lego?

AV– Não, mas ambiciono um dia fazer essa visita, se o conseguir.

“GOSTAVA DE TER ESPAÇO PARA TER UMA CIDADE MONTADA”

CL – Qual o maior sonho que tem em termos de realizar uma construção em Lego que ainda não tenha feito?

AV– Não tenho grandes ambições, faço isto por puro divertimento, é uma maneira de espairecer depois de um dia intenso de trabalho. Gostava, talvez, de poder ter um espaço onde pudesse ter a minha cidade toda montada, com tudo o que tenho, mas isso é uma coisa lá muito longe, lá muito ao fundo do túnel. Talvez um dia… 

CL – É também coleccionador de miniaturas de viaturas dos bombeiros à escala. Quantas peças tem a sua colecção?

AV – Tenho muitas, são mais de 600 e estão constantemente a chegar novas peças para a colecção. 

CL – Onde guarda as peças de Lego e a sua colecção de miniaturas de viaturas dos Bombeiros? É possível visitar esta colecção? Está exposta em algum lugar acessível ao público?

AV – Tenho tudo em minha casa, armazenado na garagem. As peças não estão acessíveis ao público. Costumo mostrar apenas a amigos e a familiares.

CL – Em 2017, o Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, anunciou a criação de “um grande centro de Lego na baixa de Cascais”. Chegou alguma vez a ser contactado para participar neste projecto?

AV– Não. Só ouvi falar disso uma única vez pelo Sr. Presidente aquando da minha exposição nas instalações dos Bombeiros Voluntários de Cascais. 

Foto: Marques Valentim

“SEMPRE GOSTEI DOS BOMBEIROS DESDE MIÚDO”

CL – O que significa para si ser bombeiro?

AV– Foi uma coisa que eu sempre gostei desde miúdo. Gostava de ir para o quartel. Passava as tardes nos Bombeiros do Estoril e acabei por optar por esta actividade, como voluntário. Entrei para os Bombeiros Voluntários de Cascais em 1994.

CL – Qual o episódio mais dramático a que assistiu enquanto bombeiro?

AV– Durante um transporte das Fontaínhas para o hospital velho de Cascais tivemos de parar durante o trajecto para fazer um parto. A intervenção acabou por correr bem com o nascimento de um menino.

CL – Qual o episódio mais feliz a que assistiu enquanto bombeiro?

AV – Foi no Norte, nos combates a incêndios florestais, fomos destacados para proteger algumas aldeias. Em Celorico da Beira conseguimos salvar uma dessas aldeias. Levámos muita porradinha, mas conseguimos desviar as chamas. Ficámos felizes com isso. 

CL – Tem outra profissão/ocupação para além da que desempenha na corporação?AV – Na corporação, além de ser motorista, também ajudo na mecânica, sobretudo nos pesados e em alguns ligeiros. Colaboro na manutenção das viaturas. Fora da corporação, sou encarregado no departamento de Mecânica da Câmara Municipal de Cascais (CMC) há cerca de dois anos. Entrei há 35 anos para a CMC, na altura comecei nos jardins, mas cinco anos depois passei para as oficinas.

Autor: Luís Curado

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