Nestes dias marcados por medidas excepcionais decretadas devido à pandemia COVID-19, continuamos a disponibilizar as nossas páginas junto das instituições que marcam a diferença nos concelhos da Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra. Hoje, é a vez da Adega Regional de Colares (ARC).
Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – Quando e com que objectivo nasceu a Adega Regional de Colares?
Vicente Paulo, Presidente da ARC (VP)– A Adega Regional de Colares, C.R.L. nasceu em 1931 com o objectivo de defender os produtores de uvas da Denominação de Origem Protegida Colares, funcionando como garante da sua autenticidade.
CL – Quantos produtores reúne a Adega, o que representam em relação ao total de produtores da região?
VP –A Adega reúne cerca de 20 produtores e isso representa mais de 90% do Vinho de Colares produzido na Região Demarcada.
CL – Qual a função da Adega actualmente?
VP– A Adega tem hoje várias funções, recolhe a produção de todos os pequenos produtores, labora essas uvas e comercializa o vinho daí resultante. Desenvolve, paralelamente, a componente de Enoturismo com provas de vinhos e visitas guiadas às suas instalações e às vinhas dos seus associados. A Adega presta também serviços a todas as quintas produtoras que deles necessitem, desde a vinificação, passando pelo engarrafamento e rotulagem dos seus vinhos. Por último, tem uma empresa de eventos e catering a trabalhar no espaço, que promove todo o tipo de eventos à la carte.
CL – Que vinhos produzem e comercializam e onde os podemos encontrar?
VP – Produz vinho da Denominação de Origem Colares sob a marca Arenae, tinto (casta Ramisco) e branco (casta Malvasia); produz ainda vinho Regional Lisboa, tinto e branco, cuja marca é Chão Rijo, expressão usada na região para definir as uvas e os vinhos produzidos em solos não arenosos. Por último, produz o vinho tinto e branco cuja marca é Serra da Lua por alusão à Serra de Sintra. Os nossos vinhos encontram-se à venda em lojas locais, em alguns supermercados Auchan e em algumas das melhores garrafeiras nacionais.
CL – Comercializam vinhos para fora de Portugal?
VP– Cerca de 30 por cento da produção é exportada.
CL – Devido ao actual Estado de Emergência que se vive em Portugal, que medidas foram tomadas pela Adega?
VP – A Adega foi comercialmente muito afectada, como não podia deixar de ser, devido à enorme perda de vendas registada com o encerramento do seu balcão de venda ao público, encerramento da restauração e cancelamento de centenas de visitas e provas de vinho agendadas, quer para grupos nacionais quer para grupos de estrangeiros. No entanto, continuámos a normal laboração interna com as entregas de todas as encomendas solicitadas essencialmente pelos supermercados e lojas locais.
CL – Qual o apoio que a Cooperativa presta aos produtores nesta altura?
VP – Os produtores continuaram o seu trabalho como se nada se tivesse passado e a Adega continuou sempre disponível para tudo o que por eles fosse solicitado, quer telefonicamente quer presencialmente.
CL – De que forma é que os efeitos desta pandemia se fazem sentir nas receitas da Adega?
VP – Registou-se uma quebra de receitas da ordem dos 70 por cento no mês de Abril.
CL – Como pensam fazer frente a quebras no volume de vendas dos vinhos da Adega?
VP – Vamos ver como vai correr a pandemia, no entanto teremos que alargar as vendas nos supermercados e pequenas lojas. Talvez ir até Cascais, Estoril, Oeiras, etc.. Temos também em projecto, acelerado pela COVID-19, a abertura de uma loja online.
CL – A época das Vindimas começa em Agosto/Setembro. Estão a pensar adoptar alguma medida especial?
VP – Vamos esperar para perceber melhor a forma como vamos continuar a trabalhar em presença da pandemia até chegarmos à tão desejada vacina. Estamos esperançados que o calor possa acalmar a incidência do vírus.
CL – Dada a situação que se vive no País, quais são as expectativas para os próximos meses?
VP – Bastante negativas.
CL – Quais as consequências desta pandemia para o sector dos vinhos?
VP – No limite poderemos ter que voltar aos apoios da UE ao armazenamento dos vinhos bem como à destilação de crise. São duas medidas que já se perspectivam actualmente.