Vereador da CM Cascais recusa comentar obra

O Correio da Linha recebeu uma carta de um leitor a queixar-se de obras realizadas com pouco tempo de intervalo no passeio da Av. infante Dom Henrique na localidade de Penedo, freguesia de São Domingos de Rana, concelho de Cascais. 

“Depois de ter sido totalmente remodelada, incluindo um passeio novo de calçada portuguesa onde não passa quase ninguém, eis que, passado cerca de ano, repito, não muito mais de 12 meses, estão a levantar o passeio da avenida para instalar umas tubagens de grande dimensão”, refere o leitor devidamente identificado, questionando o porquê da realização destas obras com tão pouco tempo de intervalo em relação às primeiras. “O que é que se passou? Quem vai pagar? Há falta de coordenação dos serviços?”, questionou este munícipe de Cascais.

Visitado o local constatámos a intervenção e procurámos confirmar junto da Câmara Municipal de Cascais (CMC), através da pessoa do Sr. Vereador Nuno Piteira Lopes, que é quem dá deferimento à execução da obra, os factos e críticas apontados pelo nosso leitor. Enviámos para tal um pequeno questionário ao Sr. Vereador, que não respondendo às nossas questões, optou por dar conta do seu descontentamento com a nossa iniciativa de tentar confirmar, ou não, os dados referidos pelo leitor, de acordo com a prática do bom jornalismo, a que o código deontológico nos obriga, e bem. 

Refere o Sr. Vereador que não pode ajudar-nos a escrever o artigo. O que está correctíssimo. Não costumamos solicitar ajudas nesse sentido, aliás não seria adequado que uma instituição como a CMC ajudasse um jornalista de um órgão de comunicação social independente a escrever notícias. Pode, se o desejar (o que não foi o caso), prestar a informação que considerar útil para o jornalista fundamentar o seu texto, depois de consultar as várias partes envolvidas no processo. Isso é o que está correcto. O Correio da Linha nunca solicitou, solicita ou solicitará ajuda exterior para escrever os textos publicados no jornal. 

Apesar de o Sr. Vereador ter optado por não esclarecer os seus munícipes respondendo às questões que formulamos, o Correio da Linha reproduz aqui as perguntas enviadas e a resposta que o Sr. Vereador achou por bem dar ao nosso pedido de informação. Resta acrescentar que continuaremos a dar aqui voz aos nossos leitores e a procurar confirmar junto das entidades oficiais e dos seus representantes as situações que nos são relatadas. É esta a nossa pesquisa e a nossa prática. Nesse sentido, os munícipes de Cascais podem contar sempre connosco.

QUESTÕES FORMULADAS PELO CORREIO DA LINHA

“Na sequência de cartas recebidas de leitores, gostaríamos de poder contar com a sua opinião sobre as seguintes questões:

– O que levou a Câmara Municipal de Cascais a optar por colocar calçada portuguesa no passeio pedonal construído na Av. Infante Dom Henrique no Penedo (São Domingos de Rana)?

– O que fez com que cerca de um ano depois da primeira intervenção o passeio voltasse a ser levantado e reposto de novo devido a novas obras? 

– Quem assumiu os custos desta segunda intervenção?

– Quanto custou?

– Como responde a acusações dos munícipes de que há desperdício de verbas públicas neste tipo de intervenções sucessivas nas mesmas vias devido à falta de coordenação dos trabalhos desenvolvidos por várias entidades nos mesmos locais?

RESPOSTA DO SR. VEREADOR NUNO PITEIRA LOPES

“Gostaria imenso de o poder ajudar a escrever sobre o tema habilitando-o com toda a informação que fundamentaria as questões que coloca. Contudo, talvez por não ter efetuado uma pesquiza maior sobre o tema, NÃO VERIFICOU que a obra NÃO é da CMC nem de nenhuma empresa municipal ao serviço do Município. É sempre mais fácil quem escreve cartas, e quem reclama dizer que a culpa é da CMC aproveitando desde logo para fazer insinuações (deduzo pelas questões colocadas por V. Exa). Assim, sou pelo  presente a informar que a obra referida é da inteira responsabilidade da AdC que refere ter sido necessário proceder à remodelação da conduta com carácter de urgência pelo facto de terem ocorrido várias roturas na referida conduta, e de modo a continuar a garantir uma boa prestação de serviço de abastecimento aos munícipes de Cascais teve de efetuar esta remodelação nas condutas.”

NOTA FINAL

Na licença de intervenção na via pública, assinada pelo Sr. Vereador Nuno Piteira Lopes, é mencionada como requerente da obra a empresa Águas de Cascais SA, que tem a concessão, até 2030, do Sistema Municipal de Abastecimento de Água do Município de Cascais, surgindo como empreiteiro responsável pela intervenção a empresa Construtores das Águas da Linha. Na licença visível no local, a obra é justificada como fazendo parte de um “reordenamento geral das redes do reservatório de Moinhos de Rana e Parede”, decorrendo o período de licenciamento entre 4 de Fevereiro e 4 de Junho de 2019.

Autor: Luís Curado

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