Após um interregno de quatro anos devido à pandemia de COVID-19, a Feira Setecentista voltou a animar o Largo do Palácio de Queluz, junto à Pousada D. Maria I, entre os dias 5 e 8 de setembro. O evento, organizado pela Câmara Municipal de Sinta (CMS) e com animação e produção a cargo da Câmara dos Ofícios, recriou com autenticidade a atmosfera do século XVIII, período em que o Palácio de Queluz era a residência oficial da corte portuguesa.
Este ano, a feira contou com 109 expositores e implicou 2 meses de preparação. Milhares de visitantes aproveitaram a oportunidade para viajar no tempo e descobrir como era a vida durante o reinado de D. Maria I. Expositores de artesanato, animações de rua e zonas de alimentação, todas fiéis ao estilo da época, contribuíram para uma experiência autêntica. “Esta feira é uma maneira de dinamizar o centro histórico de Queluz, ao mesmo tempo que permite ao público mergulhar na História,” afirmou o responsável da Câmara dos Ofícios, Carlos Coxo.
Entre os expositores, destacaram-se os artesãos que, vestidos a rigor, apresentavam os seus trabalhos entre os quais, azulejos, cerâmicas, bordados, bijuteria, entre outros e outros artífices, sendo que, alguns dos quais mostravam as suas habilidades ao vivo.
Helena Falcão, do coletivo de artistas Glow Artes, expressou o seu entusiasmo por participar na feira pela primeira vez. “Moro na Amadora, mas vivi muitos anos no concelho de Sintra. É uma felicidade estar aqui com os meus produtos de macramé que combino com madeira, cristais e outros materiais. Participar nesta feira é especial para mim porque sempre a frequentei como visitante,” contou.
Carla Fernandes, da Associação Eu Consigo Ser + Feliz, também esteva presente pela primeira vez na feira e destacou a importância de participar no evento. “Estamos aqui para dar a conhecer o nosso trabalho ao concelho. Somos uma associação focada no desenvolvimento pessoal e na transformação, desde jovens até aos seniores, com atividades como psicologia positiva, yoga, medicina chinesa e cursos de reiki,” partilhou.
A parte gastronómica também foi um destaque, com produtos tradicionais como enchidos, o pão com chouriço, mel, pão e o pernil as- sado, além de doces representati- vos de diferentes regiões do país. Justino Pires, do Pernil Lusitano, marca presença na feira há 11 anos e partilhou a sua especialidade: “Aqui temos o pernil lusitano. Assamos pernas de porco no espeto e também enchidos, e oferecemos pode escolher-se entre a sandes, a telha mista e o prato de enchidos. A particularidade está no molho, feito pela minha filha. O molho é preparado apenas com ervas aromáticas e produtos na- turais, sem glúten, margarinas, nem conservantes. Os nossos enchidos são tradicionais, com pele de tripa de porco natural. As pessoas podem confiar que servimos sempre o melhor,” afirmou.
A animação ficou a cargo de atores, em grande parte membros de Companhias de Teatro de Sintra ou residentes no município. As recriações incluíram personagens típicas da época, como o peruqueiro, as lavadeiras, o tamanqueiro ou a costureira, que, ao longo do evento, foi confecionando um vestido do século XVIII. “Tivemos vários ambientes recriados com personagens que nos deram pistas sobre como era viver no século XVIII e a relação deste espaço com o Palácio de Queluz,” detalhou Carlos Coxo. O programa de atividades foi vasto e incluiu momentos de dança, onde o público pôde aprender passos de danças setecentistas, jogos tradicionais e teatros de marionetas.
A União de Freguesias de Queluz e Belas que apoia a Feira Setecentista desde a sua primeira edição. A presidente deste órgão destacou a importância do evento para a região. “Esta feira é um marco para a União das Freguesias de Queluz e Belas. É uma feira que tem renome, tendo ultrapassado barreiras, sendo já conhecida a nível nacional e internacional. Esteve sem se realizar desde a pandemia e, de facto, este ano é uma grande felicidade podermos vol- tar a tê-la, depois de termos tido tanta gente a pedir o seu regresso,” afirmou, sublinhando ainda o papel a dinamiza- ção do centro histórico da freguesia que esta feira proporciona.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Sintra, Bruno Parreira, reforçou a importância da feira “para a preservação da nossa identidade, com a evocação da nossa memória e com a forma como nós entende- mos que qualquer desenvolvimento futuro tem que estar assente no respeito por aquilo que fomos, por aquilo que somos e por aqui- lo que no fundo queremos sinalizar como sentimento de pertença às nossas populações” afirmou. O autarca destacou também o valor de realizar o evento no centro histórico de Queluz: “Esta é uma forma de sairmos do centro histórico de Sintra, dizendo claramente às populações e a quem nos visita que o município de Sintra é muito mais rico que aquele centro histórico a que estamos habituados. Há aqui pa- trimónio do mundo que importa pre- servar e exaltar”.
O regresso da Feira Setecentista ao Largo do Palácio de Queluz trouxe uma oportunidade renovada para celebrar a história e cultura locais, proporcionando uma viagem no tempo tanto para os residentes como para os visitantes. Com uma programação rica e diversificada, o evento reafirma-se como um marco cultural no concelho de Sintra.
NOTA: Artigo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico