Alexandre Gaspar: “Queremos levar a nossa Música mais longe”

Aos cinco anos, Alexandre Gaspar já reproduzia as músicas que ouvia no seu piano de brincar. O que começou como uma brincadeira haveria de o conduzir ao Conservatório, onde tirou o curso de piano, e mais tarde à Universidade onde estudou Ciências Musicais e Direcção de Coro e Orquestra. O sonho de ensinar Música concretizou-se com a sua chegada, em 2002, à escola de música Musicentro, em Carnaxide, onde começou por dar aulas de piano. Em 2012, foi convidado a assumir a direcção da escola, dando início também a um projecto que lhe é muito querido: o coro infanto-juvenil ‘Os Traquinas’.

Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – Qual a oferta curricular da Musicentro?

AG – A Música ocupa a quota maior da nossa oferta. Neste campo temos aulas de piano, bateria, violino, saxofone, canto… mas também contamos com actividades noutras áreas como o teatro, o karaté, a pintura, a expressão plástica ou o yoga. Apostamos, sobretudo, num ensino artístico personalizado que alia a teoria à prática.

CL – Quantos alunos frequentam a escola e entre que idades?

AG – Actualmente contamos com 340 alunos. Recebemos alunos desde os 4/5 meses – para a actividade Música para Bebés – e não impomos qualquer limite de idade. Efectivamente o nosso público-alvo são as crianças e adolescentes, mas também temos pessoas com 60 ou 70 anos que estão agora a concretizar o sonho de aprender guitarra ou piano, por exemplo.

UM CORO FORA DO NORMAL

C.L. – Como surgiu a ideia de criar um coro infanto-juvenil?

AG – Qualquer escola de Música integra na sua oferta curricular uma classe de coro. O que me motivou a formar ‘Os Traquinas’ foi o facto de, tradicionalmente, estas classes enveredarem pela Música Clássica, o que não cativa propriamente os miúdos. Mantendo uma exigente técnica vocal procurei criar um coro com um repertório que fosse de encontro àquilo que as crianças gostam… e nada melhor que o pop-rock. Em 2012 lancei o desafio a todos os alunos da escola e assim nasceram ‘Os Traquinas’.

CL – Quantos são os membros de ‘Os Traquinas’ e quais as idades que compreendem?

AG – ‘Os Traquinas’ são formados por 33 crianças sendo que a mais nova tem cinco anos e a mais velha tem 15.

CL – Como é escolhido o repertório?

AG – Faço questão que isso seja um trabalho conjunto, porque acredito que se torne mais interessante e motivador se eles sentirem que também fazem parte da decisão. Tocamos muitos artistas que eles ouvem, como o Agir, os Amor Electro ou a Carolina Deslandes, mas também costumo pegar em temas antigos e dar-lhes uma nova roupagem de modo a que fique mais ao estilo deles. A título de exemplo, a nossa versão da música ‘Playback’, do Carlos Paião, quase parece algo dos Muse.

C.L. – Quantas vezes ensaiam por semana?

AG – Ensaiamos uma vez por semana durante hora e meia. Quanto temos actuações e precisamos de limar algumas arestas chegamos a ensaiar durante três ou quatro horas.

CL – Que tipo de trabalho é desenvolvido nas aulas?

AG – A técnica vocal é o principal foco: projecção de voz, afinação e controlo de voz e de timbre. É também fundamental trabalhar a relação texto/música porque não pode ser só cantar, eles têm de perceber o que estão a dizer e conseguir transmiti-lo de forma eficaz a quem ouve. Mas os nossos ensaios não são apenas um trabalho técnico e artístico. Existe também uma grande componente cultural e, acima de tudo, social. Nesse sentido, trabalhamos muito o espírito de grupo. Eles sabem que têm de fazer o seu trabalho individual, que é um trabalho ao serviço do colectivo.

ACTUAÇÕES E ESPECTÁCULOS

CL – Têm tido muitas actuações

AC – É verdade. Temos feito muitas actuações em programas de Televisão, sobretudo em épocas específicas, como o Natal, o Dia da Criança ou o Carnaval. A título de exemplos, já fomos ao ‘Aqui Portugal’, ao ‘Olhó Baião’ e ao ‘Alô Portugal’. Também já tivemos o privilégio de actuar nos Globos de Ouro a convite do Agir. Como disse, a época natalícia é sempre uma altura muito preenchida. Entre outras actuações, no ano passado estivemos no ‘Natal dos Hospitais’ – algo que já começa a tornar-se habitual – e fomos pela primeira vez à rádio a convite da Rádio Renascença. Também demos dois concertos muito especiais na Capital do Natal, no Passeio Marítimo de Oeiras. É também costume participarmos em eventos dinamizados pela Câmara Municipal de Oeiras e pela Junta de Freguesia de Carnaxide e Queijas.

CL – Também dão espectáculos noutras localidades?

AG – Sim. O nosso objectivo é levar a nossa música cada vez mais longe. Já fomos aos Açores actuar no festival Noites de Verão, dinamizado pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, e também actuámos nas festas da Junta de Freguesia de São Pedro. Fomos à Madeira cantar na Ribeira Brava, em Machico, na Câmara de Lobos e no Funchal. No ano passado fomos a Paris actuar no nosso consulado para o cônsul geral de Portugal em Paris. Também cantámos numa paróquia de população residente naquela cidade. Nas nossas viagens tento sempre contrastar o trabalho e a brincadeira pelo que, nessa viagem acabámos por ir dois dias à Eurodisney e ainda ao Parque Astérix. Este ano quero levá-los a Espanha para actuarem em Barcelona e em Madrid.

Clique aqui para ler esta entrevista na íntegra publicada na nossa edição em papel de Fevereiro

Autor: Raquel Luís

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