Morreu o ‘enfant terrible’ do Teatro Português

O encenador Carlos Avilez faleceu no passado dia 22 de Novembro, aos 88 anos, no Hospital de Cascais, vítima de uma paragem cardiorrespiratória. O funeral do fundador do Teatro Experimental de Cascais, cujo nome verdadeiro era Carlos Vítor Machado, realizou-se dia 24 de Novembro, no Cemitério da Guia, em Cascais.

Carlos Avilez nasceu em 1935. A sua estreia profissional como actor ocorreu em 1956, na Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, onde permaneceu até 1963. A conselho de Amélia Rey Colaço, o jovem actor desistiu da carreira com que sonhava e reorientou o seu percurso profissional para o domínio da encenação.

Ainda em 1963, levou ao palco a peça ‘A Castro’, de António Ferreira, na Sociedade Guilherme Cossoul. A encenação que assinou nesta primeira peça, considerada inovadora e arrojada, causou sensação no meio artístico lisboeta, o que o fez conquistar rapidamente o estatuto de ‘enfant terrible’ do Teatro Português.

Antes de fundar o Teatro Experimental de Cascais, em 1965, passou pela Sociedade Guilherme Cossoul, pelo Teatro Experimental do Porto e pelo Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra. Visto como um projecto inovador, o TEC atraiu para as suas fileiras alguns dos maiores vultos da cultura portuguesa.

Em 1992, no seguimento de um desafio que lhe foi lançado, meses antes, pelo então ministro da Educação Roberto Carneiro (1987-1991), Carlos Avilez decidiu fundar a Escola Profissional de Teatro de Cascais, que assinalou o seu 31.º aniversário no passado dia 12 de Outubro.

Com o impressionante repertório de mais de 260 peças encenadas, nas quais trabalhou com a maioria dos principais actores portugueses, Carlos Avilez foi também director do Teatro Nacional D. Maria II e do Teatro Nacional de S. João, bem como Presidente do Instituto de Artes Cénicas.

Ao longo da sua profícua carreira, o encenador foi agraciado com inúmeras distinções, entre as quais se destacam a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, Medalhas de Honra e Mérito Municipal da CMC e Medalha de Mérito Cultural da Secretaria de Estado da Cultura.

Em Dezembro de 2022, Carlos Avilez foi entrevistado pelo jornal ‘O Correio da Linha’ (ver aqui), tendo reafirmado: “Eu nunca pensei ter outra carreira. Para mim, foi sempre o Teatro desde sempre. Sempre fui uma pessoa de Teatro e cá estou uma pessoa de Teatro. O Teatro é o espelho de um povo”.

Autor: Redacção

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