Mesquita dos séc. XI e XII descoberta na Praia das Maçãs

Os trabalhos de investigação promovidos pela Câmara Municipal de Sintra (CMS) no sítio arqueológico do Alto da Vigia, junto à Praia das Maçãs, permitiram identificar e escavar as ruínas de uma segunda mesquita do Ribat (convento-fortaleza) islâmico ali construído durante os séculos XI e XII.

A descoberta desta nova mesquita vem reforçar a importância deste espaço sagrado para o Islão, que documenta um tipo de realidade arquitectónica para a qual se conhecem apenas outros dois sítios idênticos em toda a Península Ibérica, um localizado em Aljezur (conhecido como Castelo da Arrifana) e outro junto a Alicante, Espanha.

O complexo religioso e militar do período muçulmano descoberto no Alto da Vigia funcionaria, simultaneamente, como um local de oração e de vigilância junto à costa atlântica face ao risco de ataques, perpetrados, nomeadamente, por parte dos povos nórdicos (vikings e normandos), o que vem reforçar a importância deste sítio arqueológico.

“Esta nova descoberta não enriquece apenas a nossa compreensão sobre Sintra, vem também fortalecer o nosso compromisso com a preservação e valorização do património cultural do concelho”, assinalou o presidente da CMS, Basílio Horta, ao comentar a descoberta agora divulgada.

MESQUITA E CEMITÉRIO

Os trabalhos de escavação e estudo dos materiais encontrados têm vindo a ser realizados por uma equipa do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas (MASMO) e contam com a colaboração de voluntários e estudantes dos cursos de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

No local onde foi efectuada a nova descoberta, situado num pequeno promontório sobre o oceano, junto à foz do rio de Colares, conhecido como o Alto da Vigia, tinha sido já identificada uma primeira mesquita com o tradicional oratório virado para a cidade sagrada de Meca, descoberta em 2008 por uma equipa do MASMO.

Segundo a informação que foi disponibilizada pela autarquia sintrense, junto à segunda mesquita agora identificada, destaca-se ainda a existência de um cemitério com sepulturas realizadas de acordo com os princípios da fé islâmica, além de vários silos escavados na rocha destinados ao armazenamento de alimentos.

De referir que o sítio arqueológico do Alto da Vigia é conhecido por ali terem sido igualmente identificadas e escavadas as ruínas de um antigo santuário romano dedicado ao Oceano, ao Sol e à Lua (séc. I d.c./séc. V d.c.), sendo que vários materiais deste monumento foram reutilizados na construção das mesquitas agora descobertas.

Autor: Redacção

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