A Força Aérea Portuguesa (FAP) está a celebrar o 70.º aniversário com um conjunto de iniciativas destinadas a assinalar a data e a divulgar o papel deste ramo das Forças Armadas junto da população em geral. Numa acção inédita, foram instaladas três aeronaves no interior de um centro comercial da Área Metropolitana de Lisboa, onde estiveram em exposição entre os dias 20 e 30 de Maio, despertando a curiosidade do muito público que visitou o local.
A operação para fazer ‘aterrar’ as três aeronaves no UBBO Shopping Resort (antigo Dolce Vita Tejo), a superfície comercial escolhida para realizar a iniciativa, na Amadora, foi complexa e obrigou a mobilizar uma equipa técnica dividida por três locais. Depois da desmontagem das aeronaves, as peças foram transportadas até ao destino, tendo sido novamente montadas nos espaços destinados à exposição, a Praça Central e o Átrio do Piso 0 do centro comercial.
As três aeronaves expostas foram: um avião de combate F-16M, proveniente da Base Aérea N.º 5 instalada em Monte Real (Leiria); um helicóptero Alouette III, transportado desde a Base Aérea N.º 11, em Beja, e um Chipmunk MK20, um avião de instrução da Esquadra 802 ‘Águias’, da Academia da Força Aérea, em Pêro Pinheiro (Sintra), onde está instalado o Museu do Ar. A exposição contou ainda com uma mostra fotográfica e momentos musicais interpretados por elementos da Banda da Força Aérea.
Para ficar a conhecer melhor os preparativos em torno da iniciativa realizada no UBBO Shopping Resort, nomeadamente as operações de desmontagem, transporte e montagem das aeronaves expostas no centro comercial, o jornal ‘O Correio da Linha’ falou com o Coronel Manuel Bernardo da Costa, Porta-voz e Chefe de Relações Públicas da FAP, que nos falou também do que ainda está a ser planeado para assinalar os 70 anos de existência da instituição militar.
FAP OFERECE VARIEDADE DE OPORTUNIDADES DE CARREIRA
Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – O que está previsto para assinalar o 70.º aniversário da FAP?
Coronel Manuel Bernardo da Costa (CMBC) – Foram planeados vários eventos, nomeadamente: uma Cerimónia Militar na cidade de Beja, um Festival Aéreo, uma Exposição Estática de Aeronaves na Base Aérea N.º 11, Exposições temáticas das actividades da Força Aérea, Dias de Bases Abertas ao público, Concertos pela Banda da Força Aérea, Jornadas Aeronáuticas, Jornadas de Medicina Aeronáutica e um Fórum Recrutamento.
CL – Qual tem sido a adesão dos jovens perante a possibilidade de realizarem uma carreira na FAP?
CMBC – A Força Aérea, pela variedade de oportunidades de carreira que oferece, é sempre uma opção a considerar por qualquer jovem que se queira desenvolver, quer a nível pessoal, quer a nível profissional. Nesse sentido, todos os anos abrimos concursos para a Academia da Força Aérea e para Regime de Contrato. Este ano de 2022, além dos dois concursos de Regime de Contrato, que já terminaram, temos actualmente aberto um concurso para a Academia da Força Aérea e está previsto mais um concurso para o Regime de Contrato até ao final do ano.
CL – A FAP realizou recentemente uma exposição inédita dentro de um centro comercial, na Amadora, para a qual deslocou três aeronaves. Como foi concretizada esta operação?
CMBC – As aeronaves foram desmontadas e transportadas em camiões até ao UBBO. A descarga das aeronaves realizou-se durante a madrugada para interferir o menos possível com a operação diária do centro comercial.
CL – Quantas pessoas participam na operação? Quantas horas de trabalho foram necessárias para montar a exposição?
CMBC – Na operação de transporte e montagem das aeronaves estiveram envolvidos 22 militares. Neste processo foram despendidas 35 horas, sendo que a operação terá de ser repetida na retirada das aeronaves do centro comercial, pelo que se estima um total de cerca de 70 horas de trabalho.
CL – Ocorreu algum tipo de interacção do público com as aeronaves expostas?
CMBC – Sim. Aos fins-de-semana, estiveram no local militares da Força Aérea, que proporcionaram aos visitantes a oportunidade de entrar no Alouette III, visitar o cockpit do F-16M e esclarecer dúvidas.
CL – Além das três aeronaves, a exposição teve alguma apresentação, demonstração, utilização de meios audiovisuais ou outros, para divulgar junto do público?
CMBC – Além da exposição estática das aeronaves, os visitantes puderam também encontrar no UBBO uma exposição fotográfica de aeronaves que estão ao serviço de Portugal e da Força Aérea. Durante os fins-de-semana, decorreram ainda actuações da Banda de Música da FAP.
DAR A CONHECER “AERONAVES QUE CRUZAM OS CÉUS DO PAÍS”
CL – Que importância tem para a FAP este tipo de iniciativas/eventos junto da população civil?
CMBC – Para a Força Aérea este tipo de iniciativas é de extrema importância, porque permite uma aproximação das pessoas junto da Instituição, o que de outra forma não seria possível. Conseguimos que as pessoas esclareçam as suas dúvidas junto dos nossos militares e, ao mesmo tempo, damos oportunidade de conhecerem as operações e a missão que a Força Aérea desempenha, além de poderem ficar a conhecer melhor as aeronaves que cruzam os céus do nosso País.
CL – Qual a razão de ter sido escolhido um centro comercial para realizar a exposição?
CMBC – Entre as actividades propostas para o aniversário da Força Aérea, estão os dias de Base Aberta, que pretendem dar às pessoas a oportunidade de visitar as nossas bases, conhecer a nossa missão e interagir de perto com os nossos militares. Por estarem distantes dos centros populacionais, aproveitamos esta oportunidade para estarmos mais próximos das pessoas.
CL – Estão previstas outras iniciativas deste género, em centros comerciais, no resto do País?
CMBC – Apesar de não estarem previstas mais iniciativas deste género, a Força Aérea tem outro tipo de actividades planeadas, nomeadamente uma exposição estática em Braga, no âmbito das Comemorações do Dia de Portugal (10 de Junho), e um Festival Aéreo, no dia 3 de Julho, em Beja.
Serão também organizadas exposições temáticas das actividades da Força Aérea, concertos pela Banda da Força Aérea, Jornadas Aeronáuticas, Jornadas de Medicina Aeronáutica e um Fórum de Recrutamento, além dos Dias de Bases Abertas: 5 de Junho na Base Aérea N.º 6, no Montijo; 18 de Setembro na Base Aérea N.º 5, em Monte Real, e 24 de Setembro na Base Aérea N.º 1, em Sintra.
CL – A FAP está a preparar o que refere ser “o maior Festival Aéreo de sempre em Portugal”, a realizar no próximo dia 3 de Julho, em Beja. O que está previsto?
CMBC – No Festival Aéreo, para além de se poder assistir à exibição de aeronaves da FAP, está planeada a presença de patrulhas acrobáticas estrangeiras que demonstrarão as capacidades de aeronaves de elevada performance de Forças Aéreas amigas. Brevemente, divulgaremos quais as patrulhas que estarão presentes no festival.
CL – Quais são as aeronaves mais interessantes que a FAP tem actualmente?
CMBC – Cada aeronave possui características ajustadas à tipologia de missão que realiza. O F-16M, por exemplo, é a aeronave de luta aérea defensiva/ofensiva. O EH-101 Merlin, por sua vez, possui características que o tornam ideal para resgates em navios e em escarpa. O avião P3-C CUP + ORION destaca-se em missões de guerra anti-submarina e anti-superfície.
Podemos ainda falar no avião C-130 Hercules, no que toca a transporte de carga e passageiros/doentes, que é a aeronave ao serviço da FAP que possui maior capacidade. Temos também o C-295M para as missões de transporte e vigilância e o helicóptero AW119 ‘Koala’ para as missões de instrução, resgate e transporte. As aeronaves Epsilon e Chipmunk asseguram igualmente a formação dos pilotos da Força Aérea.
MISSÕES DE RESGATE E TRANSPORTES MÉDICOS
CL – A FAP participa habitualmente em missões de resgate. Quantas já foram realizadas este ano?
CMBC – No presente ano, a Força Aérea realizou, até ao momento (final de Maio), 225 transportes médicos e 24 resgates em navios. Em 2021, a Força Aérea transportou 751 doentes num total de 584 transportes e efectuou 26 resgates em navios.
CL – A FAP apadrinhou, recentemente, um animal do Zoo de Lisboa…
CMBC – Através da Esquadra 301 – ‘Jaguares’, foi apadrinhado um Tigre-da-Sibéria, o ‘Silver’, que se tornou no primeiro animal alvo de uma iniciativa deste género levada a cabo pela Força Aérea.
CL – O que se pode esperar da FAP no futuro?
CMBC – Pode-se esperar uma Força Aérea ao serviço de Portugal e dos Portugueses, assente na proporção de três conceitos fundamentais: a dimensão humana, tendo em conta que os nossos militares são o nosso activo mais importante; a dimensão institucional, dotando a Força Aérea de mecanismos capazes de corresponder aos desafios do futuro, e a dimensão tecnológica, que se prende com o futuro da evolução tecnológica.
