Ao longo dos seus 32 anos de existência, o jornal ‘O Correio da Linha’ tem alimentado sempre o propósito de divulgar e apoiar as associações de cariz social, cultural e desportivo da Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra. Nestes dias especiais, dominados pelas medidas excepcionais decretadas devido à pandemia COVID-19, continuamos a disponibilizar as nossas páginas junto das instituições que marcam a diferença nestes quatro concelhos. Temos vindo a enviar questionários a várias associações para darem aqui a sua opinião. Hoje, é a vez da Associação Portuguesa de Imprensa (API).
Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – Quais os serviços prestados pela Associação Portuguesa de Imprensa?
João Palmeiro, Presidente da API (JP) – A Associação Portuguesa de Imprensa presta serviços nas seguintes áreas: Contratação Coletiva de Trabalho; Negociação dos Contratos Colectivos de Trabalho dos Jornalistas e dos Trabalhadores de Imprensa; Apoio aos Associados para o cumprimento de todas as obrigações legais e regulatórias no âmbito da Comunicação Social (ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Autoridade da Concorrência, ASAE, Banco de Portugal, CMVM, Direcção Geral do Consumidor, Infarmed, Instituto de Seguros de Portugal, Entidade Reguladora da Saúde, ANACOM, CNE – Comissão Nacional de Eleições, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, Comissão Nacional de Protecção de Dados).
Contribuímos e acompanhamos a construção do quadro legislativo e regulatório;
Prestamos informação privilegiada (nacional e internacional) sobre o estado da Imprensa e negociamos as tarifas para a expedição de Jornais e Publicações Periódicas (JPP) bem como o Acordo de Correio Editorial com os CTT e Acesso ao benefício financeiro no envio de assinaturas – e cláusula 5ª do Acordo de Correio Editorial com os CTT, entre outros serviços que pode encontrar no nosso site em www.apimprensa.pt.
CL – Quantos Associados tem a API?
JP – A Associação tem cerca de 200 associados que representam, aproximadamente, 450 publicações.
CL – Quais os impactos da Covid 19 no sector da Imprensa?
JP – Uma grande parte do sector da Imprensa já diminuiu a dimensão das suas edições (número de páginas) e um grande número destas publicações irá também diminuir o volume de tiragens. A justificação parece ser apenas uma: contenção de gastos e de recursos, num momento em que grande parte da população está confinada ao espaço doméstico e em que as fontes de receita parecem definhar ainda mais. Para além da receita publicitária, também as vendas em banca da grande maioria das publicações diminuíram. Em resultado da menor procura de conteúdos no formato físico, representado na queda das vendas em banca durante este período, a actividade das publicações ajusta-se no sentido da sua orientação para o digital, embora nem todas as publicações analisadas, muitas delas de cariz regional, tenham ainda atividade on-line.
CL – A Imprensa Regional tem sido especialmente afectada. Quais as principais dificuldades sentidas por estas publicações?
JP – As principais dificuldades da Imprensa Regional são essencialmente as mesmas da Imprensa Nacional, com especial incidência para uma quebra mais acentuada da publicidade, uma vez que a maior parte dos seus anunciantes encerraram as suas actividades ou foi diminuída a sua capacidade económica ou ainda porque alguns cidadãos já se remeteram a alguma autocontenção nas suas casas.
CL – Quais as medidas adoptadas pela Imprensa Regional para fazer frente a essas dificuldades?
JP – Para já aguardamos o cumprimento, a breve prazo, das medidas anunciadas pelo Governo sobre a disponibilização de verbas afectas à Publicidade Institucional do Estado.
CL – Quantas publicações regionais estão em lay-off?
JP – Temos conhecimento de aproximadamente 20 empresas nessa situação.
CL – Qual será o futuro destas publicações? Há jornais regionais em risco de não voltarem a abrir portas?
JP – Desde 2008 que assistimos a uma grave crise no sector da Imprensa. Acredito que, como desde essa altura, o futuro será incerto para algumas publicações e dessas uma parte acabará por encerrar.
CL – O Governo lançou uma série de medidas de apoio à Comunicação Social. No que concerne à Imprensa Regional, quais foram as medidas adoptadas?
JP – O Governo decidiu investir 15 milhões de euros na compra antecipada de publicidade institucional do Estado, a utilizar em campanhas ao longo do corrente ano e de 2021. Deste montante, 25% (3,75 milhões de euros) são destinados à Imprensa Regional e às rádios locais.
CL – Qual a posição da Associação Portuguesa de Imprensa relativa- mente a essas medidas?
JP – Vemos com bons olhos o cumprimento da Lei da Publicidade Institucional do Estado, pela primeira vez desde 2001, e alertamos para a urgência da publicação da Resolução do Conselho de Ministros que permitirá a execução da decisão anunciada, dada a ne- cessidade imperiosa que tal se reveste para o sector. O montante a disponibilizar, sendo diminuto face às necessidades da Imprensa neste conturbado período da economia nacional, se se registarem mais atrasos na aquisição antecipada do espaço publicitário por razões de carácter administrativo ou burocrático, o efeito positivo desta medida, por reduzido que fosse, tornar-se-ia nulo e contraproducente.
CL – As autarquias têm prestado algum tipo de apoio à Imprensa Regional?
JP – Para já não temos conhecimento desses casos. De qualquer forma, o apoio das autarquias inclui-se, também, na compra de Publicidade Institucional.