Nádia Leal: “É um orgulho ser Presidente do Murtalense”

O Murtalense – Associação Desportiva, Cultural e Recreativa comemora este ano o seu primeiro centenário. A instituição sediada na União das Freguesias de Carcavelos e Parede (UFCP), no concelho de Cascais, assinalou a efeméride no dia 24 de Janeiro, com uma festa comemorativa que decorreu no seu edifício-sede, no Murtal. O evento, durante o qual se cantaram os parabéns à colectividade, contou com as presenças dos vereadores da Câmara Municipal de Cascais (CMC), Nuno Piteira Lopes e Francisco Kreye.

Os dois autarcas entregaram à presidente da Murtalense, Nádia Leal, de 37 anos, uma placa alusiva aos primeiros 100 anos da associação, que foi também contemplada com um diploma e uma medalha de ouro entregues pelo presidente da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, João Bernardino, como distinção pelo percurso realizado ao longo deste primeiro centenário. “O Associativismo faz falta ao País, é uma escola de valores”, sublinhou. 

“Parabéns à Murtalense por estes 100 anos de vida! É com enorme prazer que a CMC se associa aos festejos do centenário desta colectividade. São associações como esta que mantêm e recuperam muitas tradições. O Murtalente tem uma grande história, um grande passado, e, estamos certos, terá também um grande futuro”, vaticinou Nuno Piteira Lopes, responsável, entre outras áreas, pela Coordenação do Associativismo e Associações de Moradores.

“É uma grande responsabilidade, mas é um orgulho muito grande ser presidente de uma associação com 100 anos. Nós gostamos muito de implementar o Desporto, é algo que está muito presente no Murtalense. Nós temos campeões nacionais com o Kempo. Temos imensas actividades, como o pilates ou o jogo do pau, que já não é muito falado, hoje em dia, em Portugal. E é muito bom poder dar ao Murtal e aos murtalenses, todos os dias, um bocadinho de nós, aqui com a nossa associação”, referiu Nádia Leal.

“TEMOS SÓCIOS DOS 7 AOS 80 E TAL ANOS”

Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – Como é ser presidente de uma instituição centenária?

Nádia Leal (NL) – É uma grande responsabilidade, e ao mesmo tempo uma motivação para dar sempre mais e melhor pela terra e pelo clube que a representa.

CL – Como foi comemorada esta efeméride tão importante para a vida da Associação?

NL – Fizemos um lanche de comemoração no dia 24 de Janeiro, com a presença do Exmo. Sr. Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Nuno Piteira Lopes; do Exmo. Sr. Vereador do Desporto, Francisco Kreye; do Exmo. Sr. Presidente da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, João Bernardino, e do Exmo. Sr. Vogal da UFCP Manuel Magalhães, entre antigos membros dos corpos sociais e associados. Tivemos alguns discursos alusivos ao contributo do Murtalense, seguidos de um lanche e do tradicional corte do bolo de aniversário. 

No dia 3 de Fevereiro, realizámos, também, um almoço aberto a todos os sócios, com a presença de vários membros do executivo da UFCP, durante o qual o Exmo. Sr. Presidente Nuno Alves fez um discurso enaltecendo o Murtalense e os seus representantes ao longo dos anos.

CL – Está prevista a organização de mais algum evento alusivo à data durante o resto do ano? 

NL – Tencionamos, em datas ainda a confirmar, organizar mais algumas actividades para aglomerar a comunidade e os associados do Murtalense.

CL – A que actividades se dedica a Associação nas suas três áreas de acção: Desportiva, Cultural e Recreativa? 

NL – Temos tido, nos últimos anos, espectáculos de ‘stand up comedy’ e a exibição de curtas metragens no nosso salão. Temos vindo a realizar também algumas festas para a comunidade, nomeadamente no Carnaval e no Dia das Bruxas. Em termos desportivos, temos promovido várias modalidades, entre as quais se destaca o Kempo, no qual contamos com vários campeões mundiais, europeus e nacionais nas nossas fileiras.

CL – Quantos sócios tem o Murtalense? De que faixas etárias? 

NL – Temos aproximadamente 300 sócios, com faixas etárias dos 7 aos 80 e tal anos, sendo este um ano de renumeração de sócios.

CL – O que é preciso fazer para poder ser sócio da Associação? 

NL – Basta contactar a nossa direcção, preencher a ficha de inscrição com os dados pessoais e escolher o período de quotização, que pode ser semestral ou anual.

CL – O Kempo e o Kickboxing são duas actividades desportivas que a Associação promove. Existem outras? 

NL – Sim, disponibilizamos na nossa associação várias outras modalidades desportivas, tais como a Esgrima Portuguesa, vulgarmente conhecida como Jogo do Pau, Aikido, Pilates Clínico, Tai Chi, Chi Kung e Yoga.

CL – O Murtalense tem organizado tardes e noites culturais. Que tipo de eventos são? Como decorrem? Quem pode assistir? Só os sócios, ou as actividades culturais são abertas ao público em geral? 

NL – São eventos dos mais variados estilos culturais, nomeadamente comédia, cinema e festas populares. Desde que sejam cumpridas as regras da Associação, qualquer pessoa é bem-vinda.

CL – Com que tipo de apoios conta o Murtalense para desenvolver a sua actividade?

NL – Contamos com o apoio incondicional da Câmara Municipal de Cascais e da União das Freguesias de Carcavelos e Parede, tanto em termos monetários como logísticos.

“TEMOS A INTENÇÃO DE FAZER CRESCER O MURTALENSE”

CL – O Murtalense ainda não tem a classificação de Utilidade Pública. Porquê? Isso é um entrave ao desenvolvimento da Associação? 

NL – Temos a intenção de fazer crescer o Murtalense, resolvendo, passo a passo, assuntos pendentes da vida da Associação. Nesse sentido, é nosso objectivo sermos classificados como Utilidade Pública para podermos evoluir e melhor servirmos a comunidade e o Murtal.

CL – A defesa das tradições tem sido uma bandeira do Murtalense ao longo da sua história…

NL – Tentamos respeitar sempre o passado, tendo sempre em vista o futuro. Se conseguirmos conciliar e conviver com os dois ao mesmo tempo, ainda melhor.

CL – Como vê o futuro do Murtalense? 

NL – Risonho, com uma renovada massa associativa, disposta a elevar o nome do Murtalense pelo Mundo fora.

CL – Há quanto tempo ocupam a actual sede? 

NL – Estamos nas actuais instalações desde 1978, graças ao esforço de muitos associados e simpatizantes do Murtalense.

CL – Quais são as principais necessidades sentidas pela Associação para desenvolver a sua actividade? 

NL – Necessitamos de realizar melhoramentos no edifício, a nível estético e funcional, para podermos colmatar todas as necessidades que o Murtalense possa ter a nível desportivo, cultural ou recreativo.

CL – Que iniciativas gostaria de implementar no Murtalense caso pudesse contar com a oportunidade e os meios para o fazer? 

NL – Ter uma sala de convívio/snack bar para que todos os associados pudessem confraternizar em harmonia.

CL – O Associativismo é uma missão, um gosto, um prazer? Quais as principais dificuldades para quem se envolve neste tipo de intervenção dos cidadãos na vida social como forma de exercer a cidadania? 

NL – Para nós, é um orgulho representar o Murtalense, apesar de todas as dificuldades. Damos tempo das nossas vidas e das nossas famílias por um ideal, por uma associação que queremos ver no topo, e cada vez melhor. As dificuldades que antevejo serão sempre de mudar mentalidades, expandir mentes e fazer a conexão do passado respeitoso com o futuro promissor. Não se consegue evoluir sem tomar algumas medidas que não vão agradar a todos. Mas tentamos fazê-lo em prol de todos.

CL – Como ocorreu esta sua ligação ao Murtalense?

NL – O meu avô foi membro activo da Associação durante largos anos. Mantive sempre um carinho especial pelo Murtalense, apesar de ter estado afastada do Murtal durante alguns anos. Iniciei a minha actividade como membro da direcção em 2020, na altura como vogal. Assumi a presidência com uma nova lista em 2022 e manterei funções até às novas eleições, a realizar em 2025. 

CL – Pretende recandidatar-se à presidência?

NL – Na altura, decidirei se me recandidato ou não ao cargo.

CL – O que a levou a candidatar-se a este cargo? 

NL – O sentido de dever pelo Murtalense, e poder contribuir para a terra que me viu crescer e que tanto me deu.

CL – Qual a sua actividade profissional? 

NL – Sou administrativa numa empresa de traduções e interpretações judiciais.

BREVE HISTÓRIA

O Grupo Desportivo Recreativo Murtalense foi fundado oficialmente a 24 de Janeiro de 1924, destacando-se, desde logo, pelo ensino e divulgação da Música, através da organização de festas e bailes, promovendo igualmente outras áreas de actividade, como o Desporto, o Teatro e Acções de Beneficência.

Em 1952, ano em que a colectividade passou a denominar-se Grupo Musical e Recreativo Murtalense, passou também a ocupar uma nova sede, onde se manteve até transitar, em 1978, para as novas instalações do actual edifício-sede, no Murtal (Largo João Dos Santos, nº 81), que ainda hoje ocupa.

A 5 de Junho de 2009, ocorreu uma nova mudança de nome, para a actual designação Murtalense – Associação Desportiva, Cultural e Recreativa, que expressa bem a missão da colectividade: “a promoção e o desenvolvimento de actividades de carácter desportivo, cultural, recreativo, lazer e formação”.

CAMPEÕES DO MUNDO 

O Murtalense conta na sua lista de troféus com vários títulos mundiais de Kempo, uma arte marcial surgida na China há milhares de anos, e uma das modalidades desportivas mais em destaque nesta Associação Desportiva.

No Campeonato Internacional de Kempo 2022, realizada em Londres (Inglaterra), a sua atleta Madalina Lupascu conquistou três títulos de campeã do Mundo nas categorias de Light Kempo, Semi Kempo e Formas Criativas. 

Neste mesmo campeonato, distingiram-se igualmente dois outros atletas do emblema murtalense. Lucia Cavaleiro subiu ao lugar mais alto do pódio na categoria de Light Kempo e Daniel Avram fez o mesmo na prova de Semi Kempo.

Também em 2022, no Campeonato do Mundo da Federação Internacional de Kempo, realizado em Hammet (Tunísia), os atletas do Murtalense, integrados na Selecção Nacional da Federação Portuguesa de Lohan Tao Kempo, tinham já assegurado outros cinco títulos mundiais.

Nesta competição, Madalina Lupascu conquistou três medalhas de ouro em Kata, Semi Kempo e Full Kempo, enquanto Lúcia Cavaleiro e Daniel Avram trouxeram para casa medalhas de ouro na categoria de Semi Kempo.    

Autor: Luís Curado

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