GAVE, um colectivo de artesãos apostado em recriar tradições

O Grupo de Artistas Vale de Eureka (GAVE) está de parabéns. Este colectivo de artesãos sediado no popular Bairro do Chinelo, em frente ao Palácio de Queluz, comemorou recentemente o seu 15.º aniversário, festejando um percurso de entrega e dedicação durante o qual tem conseguido manter bem vivos os propósitos que levaram à sua criação, em 2004: divulgar, promover e defender o artesanato nacional.

Com uma variedade considerável de obras expostas ao público na sua sede, instalada no Largo do Palácio (Nº 28), os artistas artesãos do GAVE trabalham materiais que vão desde o barro à madeira, passando pela lã, pelo mármore e pelo xisto, desenvolvendo uma diversidade de artes e saberes que teimam em não deixar cair no esquecimento, uma tarefa frequentemente árdua nos tempos que correm.   

Fazendo uso de técnicas ancestrais resgatadas às prateleiras do passado, estes artistas artesãos criam obras singulares que fogem aos padrões ditados pela ideologia do ‘usa e deita fora’. Figuras talhadas em madeira fazendo uso da navalha, trabalhos em vidro e acrílico, sabonetes artesanais, tecelagem em lã e trapos, pirogravuras e pinturas a óleo e aguarela são algumas das criações concebidas pelos sócios do GAVE.

De simples artesãos e artistas, os associados deste colectivo sem fins lucrativos tornaram-se criadores, autores dos seus próprios modelos, que conjugam saberes antigos com conceitos modernos numa harmonia de materiais, cores, formas e desenhos, que procuram divulgar junto do público através da participação em inúmeros eventos, sobretudo feiras de Artesanato, algumas das quais temáticas.

“O nosso objectivo é divulgar, promover e defender o artesanato nacional fruto da versatilidade artística dos nossos artesãos”, realça o presidente da associação, Nuno Justino, com quem o jornal ‘O Correio da Linha’ falou para ficar a conhecer melhor este projecto apostado em fazer diferente num Mundo cada vez mais igual, atascado nas regras da globalização que tanto ameaçam a diversidade cultural.

Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – Como foi assinalada o 15.º aniversário do GAVE?

Nuno Justino (NJ)– A data do nosso aniversário é 9 de Dezembro. Não sendo possível festejar nessa data, devido aos associados estarem a realizar as suas feiras de Natal, os festejos passaram para o mês de Janeiro, com a realização de um almoço comemorativo do aniversário no dia 25 de Janeiro, no qual estiveram presentes representantes da Junta de Freguesia de Queluz e Belas, da Fundação Aga Khan e do Centro de Educação para o Cidadão com Deficiência (CECD) Mira Sintra. O evento foi animado com a actuação de quatro fadistas acompanhados pelos respectivos guitarristas. Foram ainda agraciadas duas pessoas que no ano 2019 foram reconhecidas pelo trabalho que desenvolveram em prol da nossa associação. Foram elas: o artesão José Rebelo, pelo trabalho realizado na Feira da Costa da Caparica, e a nossa voluntária Ângela Costa, por todo o empenho e dedicação que tem dado ao nosso espaço-sede.  

CL – O que está planeado para 2020, em termos de iniciativas a realizar pelo grupo?

NJ – O GAVE vai manter as feiras de artesanato que tem sob sua responsabilidade, nomeadamente na Volta do Duche (Sintra), no centro comercial Alegro Sintra e na Costa da Caparica. Vamos também participar noutras feiras a convite de várias entidades, em workshops, cursos do Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património (CEARTE), actividades com crianças e idosos, exposições na nossa sede e ainda o Concurso de Artesanato com o tema ‘Natal’ e o Concurso de Decoração de Montras e Janelas da freguesia de Queluz e Belas. De referir que, em 2019, fomos também convidados para realizar e executar o Presépio Saloio do concelho do Montijo, que decorreu num espaço comercial local. Ao longo destes anos, temos realizado várias feiras, algumas das quais temáticas: Quinhentista, Arábica, Romana e Medieval.

“NÃO É FÁCIL VIVER SÓ DO ARTESANATO”

CL – É difícil ser artesão em Portugal?

NJ – Não considero que seja difícil ser artesão em Portugal. No mundo em que vivemos actualmente, com a globalização, o artesão necessita constantemente de evoluir nos seus conhecimentos para poder acompanhar as tendências. 

Clique aqui para ler esta entrevista na íntegra publicada na nossa edição em papel de Fevereiro

Autor: Luís Curado

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