Opinião: A Autoridade de um agente da PSP

O trânsito em Queluz está um caos. Têm ocorrido inúmeros cortes na circulação automóvel devido a obras que estão a decorrer no pavimento. Estes trabalhos foram iniciados há mais de duas semanas e têm resultado num autêntico inferno de transtornos para os residentes e para quem necessita de circular na zona abrangida pelas intervenções. O ambiente é caótico e a poluição sonora e ambiental evidentes, devido ao levantamento do tapete de alcatrão.

Esta última quarta-feira (dia 21 Abril), na Av Elias Garcia, junto ao cruzamento dos Quatro Caminhos, no centro da cidade, por volta das 12h00, o barulho produzido pelas máquinas era ensurdecedor, mais uma vez, com imenso pó no ar, que tornava o ambiente insuportável. Os trabalhos de levantar e retirar o alcatrão do local prosseguiam, com as máquinas a carregarem, através de tapetes rolantes, o desperdício das obras para um camião. 

Toda esta situação decorria em pleno horário de funcionamento dos restaurantes, agora reabertos ao público na sequência do aligeiramento do confinamento após meses de encerramento, com o comércio também de portas abertas e com as pessoas nas paragens dos autocarros a aguardarem por transporte público. E muita poeira de pó preto, no ar, entrando pelos restaurantes. 

Alertado por muitos munícipes para o transtorno que estas obras representam para a população, e estranhando que sejam realizadas após meses de confinamento, numa fase de muito maior movimentação, mas numa data mais próxima das eleições que se avizinham, o jornalista deslocou-se ao local no desempenho da sua missão de informar. Estava a tirar fotografias para registar a situação verificada, e não mais do que isso, quando o inesperado aconteceu. 

O jornalista viu um trabalhador que operava uma máquina chamar um agente da PSP presente no local para apresentar queixa de estar a ser fotografado. Deve ser assinalado que o trabalhador não estava a ser fotografado por qualquer objectivo diferente do que fosse registar a imagem da situação verificada. A máquina estava a operar no local e fazia parte do enquadramento. Só isso. 

Na sequência de esta ‘queixa’, o agente da PSP presente no local dirigiu-se ao jornalista que, mesmo tendo visto o desenvolvimento da ‘queixa’, prontamente apresentou a carteira profissional e explicou que estava no desempenho da sua profissão e, no âmbito desta, a registar algumas imagens das obras realizadas no local, para uma reportagem que estava a preparar para publicação no jornal ‘O Correio da Linha’. 

O agente da PSP presente no local exigiu ainda assim visualizar as imagens captadas pelo jornalista, que prontamente acedeu a esta exigência, até porque nada tinha a esconder sobre a sua actividade, e/ou propósitos da mesma. Durante a visualização das imagens, o agente da autoridade verificou que numa das imagens havia sido captado à distância, e sem possibilidade de identificação, um outro agente que acompanhava as obras. 

Decidiu o agente da PSP que esta imagem teria de ser apagada dos registos captados, exigência que foi prontamente concretizada. Nunca foi propósito do jornalista prejudicar ou denegrir, em qualquer vertente, a presença no local dos agentes da autoridade e/ou dos trabalhadores que desempenhavam as suas funções nas obras, que, segundo a informação veiculada pela Câmara Municipal de Sintra, deveriam ser realizadas em período nocturno. 

Várias questões se colocam, entretanto. Os jornalistas, no desempenho das suas funções, não podem captar imagens de obras realizadas na via pública? Terão de pedir aos agentes da autoridade e aos trabalhadores que operam com as máquinas para saírem do enquadramento, mesmo que não seja possível a sua identificação? Ou esperar que as obras parem para não serem fotografados em acção? As obras teriam mesmo de ser realizadas num período mais próximo das eleições, depois de meses de confinamento?

Será qua a missão dos agentes da PSP é ouvir queixas infundadas e perder tempo a visualizar imagens (por acaso eram só seis fotografias), mais do que estarem concentrados nos problemas do trânsito e auxiliar os automobilistas, para ajudar a minimizar os problemas que as obras acarretam?

Autor: Paulo Pimenta

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