Sociedade Assaforense: Aniversário condicionado pela pandemia

A Sociedade Filarmónica União Assaforense (SFUA), sediada em Assafora (S. João das Lampas, Sintra) assinalou recentemente o seu 78.º aniversário. Tratou-se, contudo, de uma data comemorada de forma muito condicionada devido às restrições impostas pela pandemia COVID-19. “Não foi realizado qualquer evento comemorativo. Apenas foi hasteada a bandeira da SFUA e colocada uma coroa de flores no Cemitério de São João das Lampas em homenagem aos sócios falecidos”, explica António Freire, Presidente da Direcção da Sociedade Filarmónica.

Constituída como associação sem fins lucrativos, a SFUA foi fundada em 1 de Dezembro de 1942, a mesma data do nascimento da sua Banda Filarmónica, cuja criação teve como mentores Manuel António Heleno e Alexandre José Frade, que contaram desde o primeiro momento com o apoio de um grupo de assaforenses. A primeira actuação da Banda, na altura formada por 26 elementos com idades compreendidas entre os 8 e os 35 anos, ocorreu logo em 1943. 

A intervenção da SFUA visa divulgar, proporcionar e apoiar diversas actividades, desenvolvidas nos domínios da Música, Teatro e Desporto, sem esquecer outras ocupações mais lúdicas, como sejam a Pintura e os Trabalhos Manuais. No domínio da Música, destacam-se uma Escola de Música, a Banda Filarmónica e uma Orquestra Ligeira. Na área teatral, a SFUA conta com um Grupo Cénico e realiza Marchas Populares. No que ao Desporto diz respeito, a associação dispõe de Futebol de 11, Futebol de Salão e também aposta na Ginástica.

Para poder desenvolver todas estas actividades, a Sociedade dispõe de instalações em edifício próprio, no caso um auditório, pavilhão coberto multiusos, diversas salas para o ensino da música e para os ensaios da Banda, bem como várias salas de convívio, incluindo um bar/café para os associados, que dispõem também de diversos equipamentos de lazer e recreativos. A cerca de 750m das instalações principais, a SFUA dispõe ainda de um campo desportivo preparado para a prática de Futebol de 11.

PERCURSO DA BANDA FILARMÓNICA

Ao longo do seu percurso artístico, a Banda Filarmónica da SFUA tem actuado em inúmeros palcos de Norte a Sul do País, com destaque para as participações no Festival da EDP (1984), no programa cultural da Exposição Mundial de 1998 (Expo’98), e nas comemorações do 50.º aniversário do Tratado de Roma (2007). De salientar ainda as actuações da Banda em várias outras cerimónias oficiais, bem como a realização de concertos e desfiles em Portugal continental e nas ilhas. A assinalar também actuações na província espanhola de Huelva.

Actualmente, a Banda Filarmónica da SFUA conta com cerca de 70 executantes, com idades compreendidas entre os 10 e os 80 anos, a maior parte oriundos da Escola de Música. Do seu património discográfico fazem parte as gravações de dois CDs: o primeiro, em conjunto com a Orquestra Ligeira, foi lançado no 60.º aniversário da associação (2002); o segundo disco, intitulado ‘Maestro Abílio Ramos’, uma homenagem pelos 25 anos na direcção da Banda (que acabou por assegurar até 2010), foi apresentado na passagem do 65.º aniversário (2007).

Entretanto, não tem sido fácil à Sociedade desenvolver as suas actividades, muito condicionadas pela emergência sanitária que atravessamos. “Todos os eventos culturais estão suspensos desde meados de Março de 2020. Temos vindo a efectuar acções de manutenção e conservação das instalações de modo a garantir a sua integridade e segurança. Na área musical, os ensaios da Banda e da Orquestra estão suspensos e apenas tem havido aulas individuais para alunos da Escola de Música”, assinala António Freire.

Nesta fase difícil, também o futuro se mantém incerto num Mundo obrigado a renovar-se com novas rotinas. Por isso, todos os planos e projectos programados para os próximos meses tiveram de ser adiados. “Presentemente, e devido à incerteza da duração temporal das actuais restrições, não existe qualquer planeamento de eventos culturais para o ano corrente de 2021 em qualquer das modalidades”, assume o Presidente da Direcção da Sociedade Filarmónica, cargo que desempenha há seis anos, acumulando 45 outros como sócio da instituição.

Foto: Paulo Rodrigues

RECANDIDATURA NA CALHA

Apesar das dificuldades que se perspectivam no horizonte nos tempos mais próximos, António Freire mantém o propósito de prolongar o mandato à frente da SFUA. “Vou recandidatar-me nas próximas eleições. Infelizmente, não têm sido apresentadas listas concorrentes. É necessário manter a Banda, a Orquestra e a Escola de Música e dar continuidade à realização de eventos culturais inseridos no âmbito da nossa Sociedade”, explica, acrescentando que as eleições para os novos Corpos Sociais para o Biénio 2021-2022 deveriam ter decorrido no dia 1º de Dezembro de 2020 durante a comemoração do 78.º aniversário da SFUA, “o que não foi possível pelo que já aqui foi exposto”.

Em relação às principais conquistas da sua Presidência à frente da SFUA, o dirigente começa por referir que “a SFUA já entrou na sua idade ‘adulta’, pelo que as actuais Direcções devem garantir o normal funcionamento das suas actividades culturais e sociais, nomeadamente a manutenção da Banda Filarmónica, da Orquestra Ligeira e da Escola de Música, do Grupo Cénico e do Grupo Desportivo e demais actividades/eventos, tais como as noites de música, as noites de fados e variedades, almoços-convívios, etc..” 

Feita esta ressalva, António Freire, não deixa de realçar as comemorações do 75.º Aniversário, Bodas de Diamante da Sociedade Filarmónica, com vários eventos realizados ao longo do ano de 2017. “De realçar, também, a inauguração do Museu da SFUA sob o lema ‘O Futuro Constrói-se no Presente com as Memórias do Passado’, bem como a reactivação do Grupo Cénico, que apresentou várias actuações da peça ‘O Pátio das Cantigas’ (uma adaptação para o Teatro do Filme com o mesmo nome, de 1942, realizado por Francisco Ribeiro), que infelizmente tiveram de ser interrompidas em Março de 2020.” 

Foto: Paulo Rodrigues

Num ano difícil para qualquer organização, quais são as principais dificuldades que a SFUA enfrenta para poder desenvolver a sua actividade? “Tal como a maioria das colectividades, as principais dificuldades são de índole financeiro para fazer face às despesas, bem como grandes dificuldades em encontrar sócios que queiram pertencer aos Corpos Sociais”, responde o Presidente da Direcção da Sociedade Filarmónica. 

No que diz respeito a apoios, para além das quotas pagas pelos seus cerca de 350 associados, a Sociedade conta com ajudas concedidas pela Câmara Municipal de Sintra e pela União de Freguesias de São João das Lampas e Terrugem, “com o compromisso de que a Banda e/ou a Orquestra participem em Eventos/Festa Populares patrocinados por aquelas entidades”, explica António Freire, destacando que também são recebidos donativos de alguns sócios e empresas da região. Apoios vitais para poder seguir com o sonho em frente. 

COMO ENTRAR PARA A BANDA

“Quem não sabe Música, deve inscrever-se na Escola de Música. As aulas são gratuitas devendo o aluno e/ou os seus pais serem ou inscreverem-se como sócios. O candidato tem de passar pelas fases de aprendizagem de solfejo, flauta de bisel, instrumento de Banda, actuações de grupo na minibanda e, posteriormente, entrar para a Banda, processo que em média demora cerca de dois anos. Quem já sabe Música, pode entrar directamente na Banda.”

Autor: Luís Curado

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